está frio mas cheira a aletria
O tempo passa, e tudo se vai somando, as experiências, os amigos, as festas, o trabalho, o frio, os sonhos, a saudade. É algo especial 'estar longe', de tão bom e difícil que é ao mesmo tempo. Pois vos queria deixar com uma pequenina história, ou simples sentimento, já que resumir vários meses é tão complicado. Um fim-de-semana, algures entre o final do Outono, tive uma disciplina que foi dada no meio das montanhas. Fomos 20 estudantes e um professor para uma pequena cabana ao lado de um rio, e em três dias íamos começar e terminar uma aula que nem sabíamos de que ia tratar. O sentimento de perdido desconfiava-me, e à medida que o tempo ia passando estava a ser conquistado, mais do que poderia saber. Naquele lugar sem internet falamos livremente de arquitectura, ao mesmo tempo que cozinhávamos, dormíamos e bebíamos cerveja. Cruzávamos e discutíamos investigações de cada um ao mesmo tempo que lavávamos o tacho de risotto. Na verdade, acho que o tempo não existia. Quando dei por ela, não conseguia escalar mais uma colina na fronteira do sol e da sombra, e só o professor estava ao meu lado, ao que decidiu começar a discutir com toda a calma do mundo o meu trabalho.
Na última semana, lembrava o quão importante era este sentimento quando preparávamos bacalhau para 30 pessoas na véspera da pequena entrega de projecto. Era um jantar de natal para toda a gente da sala de desenho, na verdade tão importante quanto apresentar os trabalhos na parede. Naquela sala, a zeichensaal, as mesas de jantar são estiradores, e juntam-se quantas forem precisas para as pessoas que estiverem. Assim aconteceu no meu último dia de aulas, antes de ver a família mas já com aletria e sopa doce. Desenhar e cozinhar, na verdade, é a mesma coisa, se o importante for aquilo que se discute e partilha em grupo.
Bom natal a todos, vemo-nos quase todos daqui a pouco
Bom natal a todos, vemo-nos quase todos daqui a pouco
André, de Graz
13 de dezembro de 2010 às 11:37
Perfeito André, perfeito :)
Beijinho com saudades! topo
13 de dezembro de 2010 às 12:04
porque foi mesmo assim,
bonito, poético e simples,
perfeito.
abraço
_ismael topo
13 de dezembro de 2010 às 18:29
venham até cá um dia...
um abraço, topo